Viver é sobreviver às tragédias e ao pior de nós mesmos

Todos os dias somos bombardeados com notícias, relatos, reportagens e narrativas sobre tragédias. A gente pensa que já viveu uma situação ruim e, logo em seguida, vivenciamos uma ainda pior. Nem sempre é diretamente conosco, mas a situação nos afeta mesmo assim.

Diariamente assistimos a inúmeros espetáculos, ocorrências e manifestações de infortúnios: eles surgem em forma de acidentes, rompimentos e desastres. A certeza das vicissitudes nos força a sobreviver às adversidades. No entanto, nossa pior tragédia é viver sem esperança.

Vivemos a incerteza dos sentimentos. Hoje, queremos. Amanhã, não sabemos mais. A paixão sabe ter gosto amargo. Queremos continuar sonhando, mas a realidade nos apresenta a existência das coisas como elas são — sem fantasias ou maquiagens.

Esperamos pelos momentos felizes, pelos dias em que a alegria irradia contentamento e plenitude em nossas vidas. Ansiamos pelas boas notícias, pelos resultados positivos e pelas conquistas, mas quase sempre são as perdas, os sofrimentos e as tragédias que nos moldam.

Quase sempre é o sofrimento que nos possibilita consistência sentimental e intelectual. Quase sempre são os obstáculos que nos fazem preencher nossas maiores lacunas, reinventar as mesmices de nossa própria existência, percorrer caminhos desconhecidos e desbravar territórios inexplorados. Quando temos pouco ou nada a perder, temos tudo a ganhar — mais um dos tantos paradoxos da vida.

Quase sempre são os padecimentos, os tombos e as derrotas que nos proporcionam profundidade, intensidade e capacidade de superarmos a nós mesmos e a extrapolarmos as barreiras do cotidiano.

Quase sempre é a tragédia que nos desperta para a vida, que ilumina o nosso olhar com uma luz renovada, que ressignifica nosso sorriso e nos confere coragem para enfrentarmos novos desafios, afinal, só quem passou por pelo menos uma derrota entende como tudo é fugaz. E, justamente, por esse caráter efêmero, é necessários vivermos intensamente, sem ressalvas.

A vida é, de fato, um sopro. Fluida, rápida, passageira. E só quem passou por uma perda imensurável sabe o valor do que realmente importa. Mas, apesar das discrepâncias, de qualquer indiferença ou decepção, ainda acreditamos no amor. Tem que existir amor. No final, amar é tudo o que importa. O resto é poeira no vento.

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